Os sindicatos que representam os trabalhadores dos Correios prometeram intensificar a greve nacional, iniciada no último dia 17, por tempo indeterminado, até o dia em que a direção da estatal decidir “abrir um canal de diálogo” ou pedir dissídio coletivo – o que poderia levar o caso novamente ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), segundo as entidades. Até lá, os sindicatos pretendem ampliar a greve com “piquetes” (bloqueio do acesso ao local de trabalho) das unidades que ainda estiverem funcionando. A lei determina que 30% do contingente continue trabalhando.

Enquanto os sindicatos estimam que 70% do operacional – o que equivaleria a 74 mil trabalhadores em todo o País – cruzaram os braços, os Correios afirmam que esse contingente é de apenas 17%, mas autorizaram a realização de jornada extraordinária e também deslocaram funcionários da área administrativa para cuidar do operacional – funções desempenhadas pelos carteiros, carregadores e motoristas.

“Deliberamos intensificar a greve porque entendemos que o único caminho para se restabelecer os direitos vai ser por meio da correlação de força: eles tiram nossos direitos, nós paramos a produção. Para suspender qualquer movimento de greve, a empresa vai ter que retomar o diálogo e colocar propostas que atendam minimamente aos anseios dos trabalhadores”, afirmou o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), Emerson Marinho.

Na última sexta-feira, 21, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu de forma definitiva o acordo coletivo dos trabalhadores dos Correios, inicialmente previsto para durar até 2021. Os sindicatos afirmam que 70 cláusulas com direitos foram retiradas, de um total de 79, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.

“Não queremos nem o aumento do salário, queremos a manutenção da cláusula. Estamos tentando buscar o diálogo com o presidente (dos Correios) Floriano Peixoto, porém a direção se nega a negociar. Acreditamos que a empresa pode entrar com um pedido de dissídio, e o julgamento vai acabar novamente no TST. Não tem como escapar desse julgamento, até porque a empresa se nega a conversar com as entidades sindicais”, disse o diretor de Comunicação da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), Douglas Melo.

Caso o julgamento vá parar novamente no TST, Marinho, da Fentect, espera que o tribunal mantenha a cláusula, já que foi o próprio TST que havia estabelecido a vigência do acordo até 2021. “Mas não dá para fazer uma previsão. O julgamento do STF mostrou uma tendência do alinhamento do Judiciário com a pauta governista. A expectativa é que no mínimo o TST mantenha aquilo que ele mesmo concedeu por dois anos, mas o julgamento do STF nos deixa em uma ‘sinuca de dois bicos’.”

No mutirão do fim de semana, os funcionários da área administrativa foram deslocados para a área operacional para dar conta da demanda de cartas e encomendas. Segundo nota divulgada à imprensa pelos Correios, foram entregues 1,2 milhão de cartas e 4,7 milhões de objetos postais entre os dias 22 e 23 e a empresa disse que manteria o ritmo durante a semana.

A reportagem procurou os Correios para saber se haverá negociação com os trabalhadores e se haverá a ampliação da contratação de mão de obra terceirizada para suprir a ausência dos grevistas, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Via Estadão Conteúdo

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