Após desabar 4,1% em 2020 e amargar o pior desempenho desde 1996 devido aos reflexos da pandemia do novo coronavírus, a economia brasileira ainda deve caminhar lentamente neste início de 2021.

De acordo com os economistas, o Brasil corre risco de registrar um desempenho negativo entre janeiro e março. O resultado depende do avanço da pandemia, novas medidas de isolamento social e do ritmo da vacinação contra a covid-19.

“Estávamos imaginando um processo de vacinação mais rápido para estancar o contágio da doença já nos primeiros dias após o início da imunização, o que iria contribuir para uma recuperação mais razoável da economia”, afirma o economista do Cofecon (Conselho Federal de Economia) Fernando Aquino.

O economista da Nova Futura Investimentos Matheus Jaconeli estima que a economia vai abrir os dois primeiros trimestres deste ano em queda. “O panorama é negativo, porque existe um avanço da pandemia, um processo de vacinação que não acompanha o volume de infecções e novos lockdowns. Com isso, existem ainda perspectivas de aumento dos gastos públicos”, pontua ao classificar o processo sanitário como fator determinante para a retomada.

Ao avaliar que a vacinação lenta ocasionou em um novo pico da covid-19, Aquino avalia que a população vai se retrair e, consequentemente, consumir menos. “A gente fica sem perspectiva de recuperação e até com medo de 2021 tenha um PIB negativo de novo”, observa o economista.

Para Jaconeli, a perda de 2020 só não foi pior devido ao esforço do governo para sustentar o consumo com o pagamento do auxílio emergencial, o que pode ser novamente essencial neste momento. “Será uma ajuda bem menos expressiva, porque terá um valor menor e com a expectativa para que ele seja dado por menos tempo, porque a nossa situação fiscal não suporta uma rodada de estímulos na mesma proporção”, afirma.

Serviços

Responsável por mais de 70% das riquezas produzidas no Brasil, o setor de serviços é considerado aquele que vai guiar o ritmo da retomada econômica, ainda que seja também o mais dependente do processo de vacinação. “A gente não pode imaginar que o crescimento apenas de alguns setores da indústria e do agronegócio vão sustentar o PIB”, diz Aquino.

O economista da Nova Futura também vê o crescimento dependente do segmento, mas ressalta que os resultados dos serviços surgem com defasagem em relação às outras áreas. “Após essa queda que vamos ter no primeiro e no segundo trimestre, os serviços devem levar ainda um tempo para voltar”, completa Jaconeli ao lembrar que as expectativas apontam primeiro para uma melhora da indústria.

? © Neto Lucena/Secom

Exatas News via R7

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