Cresce o número de pessoas com sobrepeso e obesidade nas capitais brasileiras e no DF
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Por Fabiana Sampaio, da Agência Brasil

O percentual de pessoas com sobrepeso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal ultrapassou o daquelas com peso normal: 38% da população dessas cidades está acima do peso e quase 37% dentro do que é considerado saudável. Outras 24% estão muito acima do peso, caracterizando quadro de obesidade.

Os dados são do Instituto Nacional de Cardiologia, em estudo realizado com base nas informações do Vigitel, levantamento por amostragem do Ministério da Saúde. É a primeira vez na série histórica que a proporção de pessoas com sobrepeso ultrapassa a daquelas com peso normal.

Somando aqueles com sobrepeso e obesidade, a proporção de pessoas nessa categoria chega a 63% da população. Dados da série mostram que até 2009, as pessoas com peso normal eram a maioria. As curvas se encontraram entre 2010 e 2011 e então as tendencias se inverteram, aumentando o número de pessoas com excesso de peso.

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Arn Migowski, coautor do estudo, afirma que esse aumento se deve a vários fatores, que vão muito além do simples desequilíbrio entre o consumo de calorias e gasto energético. “Em geral, a principal causa é o aumento, nas últimas décadas, do estilo de vida urbano com maior prevalência do sedentarismo e o padrão dietético com o maior ingesta de dietas ricas em lipídios e carboidratos. O consumo de alimentos ultraprocessados, alimento comumente encontrado nesse tipo de dieta. Também tem sido estudado como possível causa desse aumento”. 

Em relação a obesidade, o especialista afirma que há ainda outros fatores que podem desencadear o quadro. Além do estilo de vida e sedentarismo, estão o uso de medicamentos com corticosteroides, antidepressivos, doença como hipotireoidismo, transtornos alimentares, doenças genéticas e predisposição hereditária.

Arn Migowski destaca a importância de políticas públicas para tratar o problema e tirar os estigmas da obesidade, que não pode ser vista como simples resultado de escolhas ou falta de vontade.

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“Fundamental é que a obesidade e o sobrepeso não sejam vistos apenas como problema individual, um problema de força de vontade. Muitas vezes tem esse estigma. Evitando a culpabilização dos individuos. Quando na verdade existe outros determinantes que vão muito além disso. Criando um ambiente obesigênico, ou seja, um ambiente que é gerador de obesidade. Então são necessários políticas públicas que impactem nesses determinantes e que vão além do setor saúde em si, no setido de assistência direta à saúde”. 

O estudo classificou a população adulta de acordo com o IMC, índice de massa corporal, que é calculado pela divisão do peso pela altura ao quadrado. A análise foi feita por faixa etária e gênero. Em todos os casos, foi observado o mesmo padrão de crescimento dos grupos com sobrepeso e obesidade e diminuição daqueles com peso normal. As cinco regiões do país seguiram a tendência nacional.

Entre os jovens adultos, de 18 a 24 anos, a prevalência de excesso de peso é menor do que entre os mais velhos. No entanto, o índice de excesso de peso entre esse público aumentou de 21% em 2006 para 36%, em 2023.

Houve queda importante na proporção de mulheres com peso normal, em ritmo mais acentuado do que entre os homens. Em 2006, 59% das mulheres tinham peso normal, caindo para 38% no ano passado. Entre os homens, a diminuição foi menor, de 51% em 2006 para 35% em 2023.

|📸 © Towfiqu Barbhuiya/Pexels

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