Médias normais de precipitação no Brasil em março 📸 © Inmet

Em anos normais, março é o primeiro ou o segundo mês com maior volume de médio mensal de precipitação no Norte e no centro-norte do Nordeste. Março é o pico do período chuvoso na maioria das áreas da Região Norte e no litoral norte do Nordeste. A marcante atuação da Zona de Convergência Intertropical garante a chuva frequente e volumosa.

No Sudeste e no Centro-Oeste,  ainda ocorrem temporais, típicos de calor, mas médias de precipitação são naturalmente menores do que em janeiro ou en fevereiro.

Mas fenômenos como El Niño e La Niña modificam o padrão de chuva no Brasil. Confira as previsões da Climatempo para a temperatura e a chuva de março de 2024, que ainda terá influência do El Niño.

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El Niño perdendo força

O fenômeno El Niño continua enfraquecendo em março, mas as características de neutralidade oceânica no Pacífico Equatorial, na costa peruana, só devem ser efetivamente observadas em maio/junho. Saiba mais sobre o El Niño e o possível La Niña no segundo semestre de 2024. 

Possível ZCAS na segunda quinzena de março

As projeções de médio prazo sinalizam um corredor de umidade entre o Nordeste e o Sudeste do Brasil. É possível que um evento de Zona de Convergência  do Atlântico Sul  (ZCAS) se configure na última semana de março. 

Previsão de precipitação para março de 2024 feita pela Climatempo: os tons de verde indicam áreas onde deve chover mais do que o normal.


Noroeste de Minas Gerais, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha e grande parte do Espírito Santo voltariam a receber grandes volumes de chuva como influência direta desta nova ZCAS. O sul capixaba e o norte do Rio De Janeiro serão menos impactados por este episódio de ZCAS, mas devem sentir um aumento da chuva.

estado de São Paulo e o centro-sul do Rio de Janeiro, incluindo a Grande São Paulo e o Grande Rio, não seriam impactados por corredores de umidade mais prolongados em março. A chuva ocorre basicamente por causa da atmosfera quente e úmida que ainda deve prevalecer no Brasil durante o mês de março.

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Na Grande Belo Horizonte, as pancadas de chuva serão mais frequentes na primeira quinzena do mês, provocadas pelo calor e umidade do ar elevada, mas também vai sentir a influência da ZCAS, embora de modo menos intenso do que o norte mineiro. 


El Niño reduz chuva de março no Norte e no Nordeste

Março não terá tanta chuva como normalmente poderia ter no Norte e no Nordeste do Brasil por causa do fenômeno El Niño.

Mesmo enfraquecendo, o El Niño ainda terá poder para deixar a circulação de ventos menos favorável à chuva. As pancadas de chuva vão ocorrer e serão  fortes em vários momentos, mas menos frequentes do que seria o normal e com grande irregularidade espacial. 

Isto significa que a chuva forte não cai seguidas vezes em uma mesma região. É essa característica  (chuva irregular) que vai dificultar que o volume de chuva de março alcance a média no fim do mês, que são muito elevadas.  As médias de precipitação no Norte do BR e no norte do Nordeste em março variam, em geral, de 300 mm a 450 mm (453 mm em São Luís), chegando a quase 620 mm na Ilha de Marajó, no litoral do Pará, 506 mm em Belém.

Períodos de 4 a 7 dias quase sem chuva podem voltar ocorrer no Amazonas, como foi observado em fevereiro.


Incêndios em Roraima

Março ainda é um mês de pouquíssima chuva em Roraima e o atual El Niño vem acentuando esta característica. O calor acima do normal e a chuva escassa ainda serão observados no estado,  condições que vão colaborar para manter e até agravar a situação de grande suscetibilidade a incêndios florestais observada em janeiro e em fevereiro de 2024. Para Boa Vista, por exemplo, a média de chuva para março é de apenas 39 mm.


Chuva irregular e calor no Sul do Brasil

Março deve ter bastante calor na Região Sul, principalmente no Paraná e no interior de Santa Catarina. A chuva tende a ser mais irregular no Paraná. Os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina podem ter pausas mais longas nas chuvas.

São esperadas de 3 a 4 frentes frias passando pela costa da Região Sul durante o mês de março, mas em geral de forma oceânica, com pouca entrada de ar frio no interior da Região. As frentes frias devem ser mais ativas e frequentes na segunda quinzena de março, estimulando mais chuva também no interior da Região Sul. 


Ciclones

Ainda não tem indicativo de ciclones atípicos, mas por termos em março o maior aquecimento do Atlântico Sul, não dá pra descartar a formação de algum novo ciclone tropical/subtropical na costa do Sul ou do Sudeste.

Por causa da passagem de frentes frias e possível formação de uma alguma baixa pressão atmosférica intensa, que poderia se transformar em um ciclone, há um risco moderado para extremos de chuva no litoral do Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro.


Temperatura em março

Março será um mês predominantemente quente e abafado no Brasil. São esperadas 3 a 4 frentes frias passando pela costa do Sul e do Sudeste durante o mês de março, mas devem ser quase todas oceânicas. Isto significa que o ar frio de origem polar, que vem naturalmente com as frentes frias, não vai conseguir avançar pelo interior do Brasil para provocar queda de temperatura relevante.

A chance de entrar algum ar frio de origem polar pelo interior da Região Sul e em parte do Sudeste será no fim do mês, trazendo um ar de outono, com noites ligeiramente frias. 

Não se pode descartar também a possibilidade de ondas de calor em áreas do Sul (principalmente no oeste do Paraná, em Mato Grosso do Sul e no oeste de São Paulo.

|📸 © Roberto Parizotti via Fotos Públicas

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