Estudo mostra que a seca na Amazônia foi resultado das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño
📸 © Alex Pazuello/Secom-AM

Por Cesar Mendes, da Agência Senado

Cientistas do clima do Brasil, do Reino Unido, da Holanda e dos Estados Unidos analisaram a elevação da temperatura e os baixos índices de chuvas entre junho e novembro de 2023, quando a Bacia Amazônica enfrentou a mais extrema estiagem já registrada em sua história. Para se ter uma idéia, o Rio Negro, famoso pelas águas escuras e por sua grande extensão, cerca de 1.700 km, ficou com apenas 13,59 metros de profundidade, abaixo da pior marca até então, 13,63 metros em outubro de 2010.

O estudo analisou o impacto da mudança climática e do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, dificulta o avanço das frentes frias e reduz as chuvas no Norte e no Nordeste do país. A conclusão foi que a elevação extrema e prolongada da temperatura foi provocada principalmente pelas mudanças climáticas, embora o papel do El Niño tenha sido apontado também. Segundo a pesquisa, 75 por cento da influência seriam do aquecimento global, contra apenas 25 por cento do El Niño. Na sessão de debates temáticos para discutir o El Niño e os desastres naturais cada vez mais frequentes no Brasil, em outubro de 2023, no Senado, o climatologista Carlos Nobre explicou por que reduzir o desmatamento e promover a restauração da floresta degradada são as medidas mais importantes para o enfrentamento das mudanças climáticas no Brasil. E assim, para evitar também a repetição da estiagem recorde do ano passado na Amazônia.

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Carlos Nobre – ” O que que está acontecendo na Amazônia? Quando chove muito, a área que não é mais floresta, as pastagens, elas absorvem muito pouca água. Então, a água corre, vai para os rios e gera inundação. E não tem água no solo na estação seca. Então, fica muito mais seco. Parte do que nós estamos vendo na Amazônia, é lógico, é a seca relacionada com o El Niño, com o Atlântico tropical quente, o Atlântico Norte, mas também tem a ver muito com o desmatamento, que aumenta as inundações na época da chuva e aumenta a seca na época da seca.”

Carlos Nobre disse que projetos como o “Arco da Restauração Florestal na Amazônia”, apresentado pelo Brasil durante a COP 28, em dezembro do ano passado, em Dubai e que vai reflorestar grandes áreas ao Sul da Floresta Amazônica com recursos do BNDES, são fundamentais para o enfrentamento das mudanças climáticas.

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Carlos Nobre – “Porque 75% das nossas emissões são: 50%, desmatamento; 25%, agropecuária. O Brasil já está com planos de zerar o desmatamento em todos os seus biomas, principalmente na Amazônia, até 2030. Mas, ao mesmo tempo, nós temos toda a condição de ser o país com o maior projeto de restauração florestal do mundo.”

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou a década de 2021 a 2030 como Década da ONU para a Restauração dos Ecossistemas.

|📸 © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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