? Foto: Divulgação/ LibertadoresBR

Entre os vários cantos da torcida do Palmeiras, um trecho constante nas arquibancadas era ouvido quando o futebol ainda tinha a sorte de contar com os torcedores no estádio: “a taça Libertadores é obsessão”. E essa pressão pelo título mais importantes das Américas extrapola os gramados e as arquibancadas. O sucesso do alviverde na final deste sábado (29) pode ser um divisor de águas para a parceira com a Crefisa, uma das mais vultuosas em termos financeiros que o futebol brasileiro já produziu.

O título da Libertadores de 2020 – que será decidido em 2021 por interferência da Covid-19 –, pode render a Leila Pereira, presidente da Crefisa e do Grupo FAM, um lugar entre os nomes (todos masculinos, até agora) mais celebrados na história do clube. Além de uma cadeira na presidência. Uma vitória contra o Santos neste sábado, às 17h, no Maracanã, seria uma credencial quase que definitiva para que a empresária disputasse as eleições presidenciais do Palmeiras, em novembro.

Leila já assumiu que seria “uma honra” se o seu grupo político a escolhesse como candidata para as eleições deste ano e o “ápice” para a sua carreira ser presidente do Palmeiras. Na ocasião, ela chegou a prometer os títulos da Libertadores e do Mundial, “nem que eu tenha que entrar em campo”. Em vez de Leila jogar pelo Palmeiras, pode ser que o time jogue por ela e pelo seu futuro político no clube.

Se o título vier, será o quinto e mais importante da “era Crefisa” no clube. Sedento por uma taça internacional, que não vem desde 1999, o Palmeiras tem a possibilidade de ganhar a sua segunda Libertadores para ultrapassar o Corinthians (com um título) e se aproximar de São Paulo e Santos (com três taças, cada), os arquirrivais. Além disso, chegar à disputa do Mundial de Clubes da Fifa, um dos principais desejos dos torcedores. Não haveria cabos eleitorais mais desejáveis.

Nos pés dos meninos

O projeto político de Leila no Palmeiras deve ser o mais caro da história do futebol brasileiro. Ela afirma que os aportes de Crefisa e FAM já renderam ao clube R$ 800 milhões desde 2015, início do projeto. Boa parte desse dinheiro foi direcionado para a contratação de jogadores que vieram a peso de ouro, alguns já foram embora, como Ricardo Goulart e Miguel Borja, e outros ficaram e estão fazendo história, como Gustavo Gómez, Felipe Melo e Luiz Adriano.

Mas o elenco que pode vir a ser o mais vitorioso da “era Crefisa” é o que apostou em jogadores formados no próprio clube. No princípio do projeto de Leila no Palmeiras, a base foi praticamente esquecida pelo time principal. Em 2020, depois da saída do diretor de futebol, Alexandre Mattos e com a interrupção da política de gastos crescentes com contratações, o Palmeiras resolveu apostar nos garotos da equipe sub-20.

Um dos maiores passadores do time, Gabriel Menino (20), é jogador de seleção brasileira. Patrick de Paula (21) é presença frequente no time titular e responsável por anotar o gol de pênalti que deu ao Palmeiras o título de campeão paulista deste ano. Ele disputa posição com Danilo (19), outra novidade da equipe que veio das categorias de base. Todos estavam brigando para virar profissional a pouco mais de um ano e hoje são essenciais para o tipo de jogo veloz e técnico que Abel Ferreira propõe.

Apesar do projeto de soberania do Palmeiras ter sido catapultado por gastos muito acima da média do futebol brasileiro, como a contratação de Luiz Adriano por R$ 43 milhões, a passagem do Palmeiras para a disputa do Mundial e o futuro político da sua mescena, Leila Pereira, podem estar nos pés de quem veio do anonimato para vestir uma das camisas mais pesadas do futebol nacional.

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