Os Parças Tom Cavalcante, Tirullipa, Bruno de Luca e Whindersson Nunes 📸 © Divulgação

Por GIANCARLO GALDINO, da Revista Bula

A máxima infame atribuída a uma certa Larisse Clispector na abertura de “Os Parças” diz muito sobre o filme de Halder Gomes. Se o espectador resolve desprezar seu superego e não cessa a transmissão incontinente, tem de suportar calado a avalanche de piadas sem graça, levadas pelo maior ajuntamento de canastrões já visto no cinema nacional — e esse é um troféu bastante disputado.

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Ao cabo de cem minutos, quem conta com algum repertório e já dobrou a espinha frente à comédia de situação de Amácio Mazzaropi (1912-1981), plena de subtramas que fundiam nonsense, picardia e uma inocência quase tola em diálogos que não se furtavam a recorrer ao duplo sentido e à crítica social muitas vezes até sofisticada, ou mesmo aos comercialíssimos longas de “Os Trapalhões”, onipresentes durante os anos 1970 e 1980, é tomado de um constrangimento que aumenta em progressão geométrica, sem única risada que alivie o tormento.

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O que se tem até o desfecho, sem nada digno de nota, é o planejamento e a execução da festa de casamento de Cíntia Maria, a periguete meio dúbia encarnada por Paloma Bernardi, ora fescenina e mesmo selvagem, ora romântica e quase cega às traições do noivo, Marcelo, de André Bankoff — essa a, vá lá, grande reviravolta do filme. Mas não há salvação: “Os Parças” é o exemplo mais bem acabado de como se torrar algumas centenas de milhares de reais em nome do dito entretenimento popular, sem que se alcance nem uma coisa nem outra. A propósito, não se entende por que diabos Milhem Cortaz é escalado para um filme tão deliberadamente ruim, e entende-se ainda menos o motivo de sua aquiescência. Mas cada um sabe de sua carreira.

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