Nível de abastecimento dos reservatórios está 26% mais baixo do que no ano passado
📸 © Marina Filgueiras/Ascom SRH

A estiagem severa que atinge o Sudoeste, o Sudeste e o Centro-Oeste tem afetado os reservatórios das hidroelétricas. Mas a preocupação não é apenas com a geração de energia elétrica, o abastecimento de água também liga um sinal de alerta. No interior de São Paulo, por exemplo, cidades como Atibaia, Bauru e Vinhedo já estão racionando água. Na região metropolitana de São Paulo, as chuvas escassas e irregulares causam preocupação quanto ao nível dos reservatórios utilizados para o abastecimento de água.

O professor Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, analisa a questão: “Não é uma situação de emergência agora, é uma situação de atenção, porque o nível está baixo e nós não devemos ter uma recarga substancial dentro do horizonte de um ano e isso pode causar realmente um prejuízo para o nosso abastecimento”.

Ele faz um paralelo da necessidade de precaução com a crise anterior de 2014-2015. “Do ponto de vista técnico, ela já se manifestava em 2013, até mesmo em 2012. Se na ocasião tivessem sido tomadas providências para alertar a população, isso teria feito com que nós não entrássemos no chamado volume morto do sistema Cantareira. Então é muito importante esses alertas com antecedência para que a população evite, por exemplo, lavar a calçada com mangueira.”

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A situação dos reservatórios

Segundo o especialista conta, vários dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana estão com um nível em torno de 50% ou bem abaixo disso. “É o caso do Cantareira, que está com 50,1% e é o principal reservatório e sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. O Alto Tietê, que é o segundo maior sistema, está com 45,8%; Guarapiranga, com 38,3%.”

Comparativamente ao ano passado, nessa mesma época, o agregado de todos os reservatórios encontrava-se no nível de 65%, e hoje encontra-se em 48% de água. Pedro Luiz Côrtes comenta que a “Sabesp alega – e está correta nisso – que o nível geral tem se mantido na média dos últimos cinco anos, mas isso causa sempre uma preocupação em relação à possibilidade de como isso vai se desenrolar no futuro”.

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Fenômenos do clima

O especialista explica que essa situação se deve à irregularidade das chuvas nos últimos tempos. “Nós tivemos um período muito chuvoso no último verão, na última primavera, por conta do fenômeno El Niño, então isso deu uma recarga importante nos reservatórios. Mas depois que o El Niño terminou, estamos ainda numa fase de transição, que a gente chama de fase neutra, entre o El Niño e o La Niña. Nessa fase de neutralidade, o nome pode ser enganoso, porque ele dá a impressão de que o clima vai se comportar normalmente, e isso não ocorre.”

Nesse período de transição há uma alternância com pouca e nenhuma chuva, fazendo com que os reservatórios cheguem a níveis menores do que os do ano passado. Para os próximos tempos, o La Niña pode também afetar o cenário. A princípio, o fenômeno não interfere muito nas regiões Central e Sudeste, mas, com as mudanças climáticas, os impactos estão cada vez mais imprevisíveis: “Muitas vezes essa estiagem da região Sul acaba atingindo parte da região Sudeste, e é importante lembrar que a última crise hídrica geral que nós tivemos se deu exatamente sob o efeito do La Niña”.

A boa notícia é que, depois da crise de 2014, a Sabesp fez uma série de investimentos, “seja para ampliar a captação de água para o sistema Cantareira, seja para interligar esses sistemas de distribuição, de tal forma que um sistema possa compensar parcialmente o outro, se um sistema está com nível um pouco mais baixo, ela pode utilizar um outro sistema em sua substituição”, explica Côrtes.

Por fim, ele traz uma mensagem: “Eu reforço, é importante a gente tomar atitudes desde agora, reforçando a necessidade do consumo, do uso racional da água, um consumo consciente, para que a gente mantenha os reservatórios em níveis minimamente adequados para evitar eventuais restrições maiores de consumo”.

As informações são do Jornal da USP

|📸 © Luiz Augusto Daidone/PMV

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