Uso de ônibus elétrico é alternativa eficaz para a descarbonização das cidades
📸 © Hélio Filho/Secom Governo ES

Por Jornal da USP

Pesquisa mostra que, apesar de os veículos elétricos possuírem um custo de capital três vezes superior aos a diesel, suas economias operacionais o tornam menos de 1% mais caro do que os a diesel e especialistas do Mobilab, da Universidade de São Paulo, sugerem urgência na adoção de soluções para descarbonização do transporte público. O professor Roberto Marx, da Escola Politécnica (Poli) da USP e do Laboratório de Estratégias Integradas da Indústria da Mobilidade, e Tiago Zillio, aluno do curso de Engenharia de Produção e autor do trabalho, comparam os custos e emissão de carbono entre os diferentes tipos de veículos.

Segundo o professor, o estudo foi feito para ser aplicado na cidade de São Paulo e tem como objetivo comparar o nível de CO2 emitido pelas diferentes formas de motorização de ônibus, além de combinar essa emissão de carbono com o custo necessário para manter cada tipo de veículo. Ele reforça que a pesquisa acompanha a emissão de poluentes em todo o processo de vida útil de cada um dos veículos, desde a sua produção até o momento de seu descarte.

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“É um trabalho inédito e tem resultados interessantes no momento em que a cidade de São Paulo e seu prefeito atual tem pretensões nessa área. São Paulo, juntamente com a Lei do Clima, tem um processo continuado de descarbonização”, explica.

Consumo e emissão

De acordo com o estudante, após a realização dos cálculos, foi observado que os ônibus elétricos começam emitindo mais carbono do que os veículos tradicionais a diesel, principalmente porque a produção das baterias elétricas possui valor elevado de emissão. Ele explica, contudo, que a eficiência do motor elétrico para converter energia em quilometragem e o uso de fontes renováveis de energia fazem ele emitir cerca de 90% menos carbono do que os motores a diesel.

Do ponto de vista monetário, Zillio explica que os motores elétricos custam cerca de três vezes mais que os convencionais, mas os altos custos empregados no abastecimento dos motores a diesel provocam uma equalização no custeio da manutenção de ambos. “Por conta do motor elétrico ser mais eficiente do que o motor de combustão interna, no que se refere ao custo de abastecimento, eles têm custo muito menor do que os ônibus a diesel e, no ciclo de vida, são menos de 1% mais caros apenas. Então, é um investimento que vale a pena, porque eles custam quase o mesmo, mas são menos prejudiciais ao meio ambiente”, esclarece.

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Descarbonização e Lei do Clima

Conforme o professor, a cidade de São Paulo tem destaque no cenário nacional por possuir uma lei climática com o intuito de descarbonizar o ar, mas ele reforça que esse processo não deve focar exclusivamente na substituição das frotas de ônibus e precisa buscar variadas alternativas. Segundo ele, a cidade conseguiu um financiamento do BNDES para adquirir cerca de 1.300 ônibus elétricos, mas ele acredita que a Prefeitura vai encontrar dificuldades para gerenciar essa alta quantidade de veículos, principalmente porque a fornecedora de energia elétrica da região pode não ser capaz de abastecer toda a demanda da frota.

“Temos a necessidade de considerar uma diversidade de alternativas de motorização e, com isso, poder caminhar em passos cada vez mais largos no sentido de estabelecer e alcançar as metas dessa lei, que estão atrasadas. Também é preciso observar essa parte da rede de recarga, pois vai ser muito difícil para a cidade de São Paulo conseguir abastecer todos os veículos”, finaliza.

|📸 © Gabriel Borges/Secom-VR

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