Porta-bandeira da cerimônia de abertura, campeão mundial e paralímpico, Gabriel Araújo conquistou o primeiro ouro do Brasil 📸 © Alexandre Schneider – 2024.Ago.29/CPB/@aleschneider via Fotos Públicas

O paulista Júlio César Agripino, 33, conquistou nesta sexta-feira (30/08/2024) a primeira medalha de ouro do atletismo do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris. O Brasil teve dobradinha no pódio dos 5.000m na classe T11 (deficiências visuais), com o sul-matogrossense Yeltsin Jacques, 32, conquistando a medalha de bronze. Os dois atletas recebem a categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte.

Júlio completou a prova com o tempo de 14min48s85, novo recorde mundial e paralímpico da distância. A prata ficou com o japonês Kenya Karasawa. 


“Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer, sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô”, disse Júlio.


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É a primeira medalha paralímpica de Júlio, que conquistou a prata na distância no Mundial de Kobe 2024, no Japão, ficando atrás de Yeltsin. Júlio foi o campeão mundial de outra prova de fundo em Kobe, os 1.500m, distância que ele e Yeltsin voltam a disputar em Paris no dia 2 de setembro, na semifinal. A final será em 3 de setembro.

Júlio teve ceratocone, doença degenerativa na córnea, diagnosticada aos sete anos. Ele era atleta convencional do atletismo e migrou para o paradesporto por meio dos treinadores do Centro Olímpico.

“Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental, me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei ontem com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas hoje acordei e pensei, vou ganhar. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu”, afirmou Júlio.

O atletismo teve seu primeiro dia de competições em Paris nesta sexta-feira e é a modalidade que mais medalhas deu ao Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. As conquistas de Júlio e de Yeltsin elevaram o número a 172, agora somando 49 de ouro, 70 de prata e 53 de bronze em provas de pista e de campo.

Terceira medalha paralímpica

Yeltsin conquistou sua terceira medalha paralímpica em Paris, somando aos dois ouros em Tóquio 2020, um nos 5.000m e outro nos 1.500m, ambos na classe T11. O brasileiro é o recordista mundial nos 1500m com o tempo de 3min57s60, obtido nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

“Muito feliz pelo Júlio. Eu tive uma lesão, peguei uma virose, o que acabou atrapalhando um pouco a preparação. Mas como minha esposa disse, você ou chupa o limão azedo ou faz a limonada. Estou com sentimento de missão cumprida”, disse Yeltsin.

Yeltsin nasceu com baixa visão. Ele conheceu o atletismo ajudando um amigo, totalmente cego, a correr. Então, começou a treinar junto com ele para competir e iniciou sua carreira nos Jogos Paralímpicos Escolares em 2007.

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“Cada atleta é um herói da natureza. E eles têm um desafio diário, principalmente por falta de investimento, por falta de ajuda. O Bolsa Atleta é comprovadamente um case de sucesso, já constatado em apenas dois dias de competições nos Jogos Paralímpicos Paris 2024”, comemora o ministro do Esporte, André Fufuca.

|🥇 Gabriel: porta-bandeira e 1º ouro

Um ouro, uma prata e um bronze, todos na natação. O primeiro dia de competições dos Jogos Paralímpicos Paris 2014 reservou uma medalha de cada cor para o Brasil, todas elas com integrantes do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal. O país ainda teve resultados expressivos no goalball, no tênis de mesa e no vôlei sentado. Confira abaixo o resumo.

Porta-bandeira da cerimônia de abertura, campeão mundial e paralímpico, Gabriel Araújo referendou o ótimo momento no cenário internacional e conquistou o primeiro ouro do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris, na França.

O atleta mineiro de 22 anos, terminou terminou a final dos 100m costas da classe S2 (limitações físico-motoras) com  1min53s67. Completaram o pódio Vladimir Danilenko, da delegação de Atletas Paralímpicos Neutros (NPA), e Alberto Caroly Abarza Diaz, do Chile, bronze.

“Estou muito feliz, não sei nem como agradecer. Não tenho nem dimensão do que é tudo isso. Meu sorriso está sendo levado para todos os cantos do mundo. Eu me senti em casa. A prova foi perfeita. As noites de sono que eu e meu treinador perdemos neste ciclo compensaram demais. Tudo o que trabalhei psicologicamente deu certo”, afirmou Gabrielzinho, na  Arena Paris La Defense.

Em sua segunda participação em Jogos Paralímpicos, Gabrielzinho tem agora quatro medalhas, sendo três ouros (50m livre, 200m livre, 100m costas) e uma prata (100m costas). Os outros três pódios foram em Tóquio, no Japão, em 2021. 

“Essa é uma prova difícil, que mexe comigo, tanto por ter sido prata (Tóquio), quanto porque é a mais difícil pra mim”, disse Gabrielzinho. Ele tem focomelia, doença congênita que impede a formação habitual de braços e pernas. Conheceu a natação por meio de um professor de Educação Física da escola onde estudava, nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).

No pódio, como de praxe, Gabriel fez de improviso uma dancinha já conhecida na natação paralímpica para festejar a conquista.  “Para essa prova não tinha nada ensaiado, então foi o que veio ali, mas com alegria, sorriso no rosto e seguimos bailando como sempre. A medalha é linda? É, não é porque é minha não, mas é bonita, é mais bonita ainda, pelas milhares de circunstâncias que me trouxeram até ela”, afirmou o atleta, integrante do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.

Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a conquista de Gabriel Araújo: “A primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas de Paris é ouro. Parabéns ao Gabriel Araújo, campeão nos 100m costas na natação”, postou o presidente.

|📸 © Alexandre Schneider – 2024.Ago.29/CPB/@aleschneider via Fotos Públicas

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