O soro produzido a partir do plasma de cavalos possui anticorpos que chegam a ter 50 vezes mais potência do que os produzidos pelos seres humanos contra o vírus da Covid-19. É isso o que aponta a pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Vital Brazil (RJ), ao divulgar resultados promissores para o tratamento da doença.

Em uma visão otimista pela produção para combater a doença, o soro estará disponível daqui a quatro ou cinco meses. De acordo com o estudo, feito em 70 dias, os plasmas de quatro dos cinco cavalos que receberam o vírus em maio deste ano, com a proteína S recombinante do coronavírus, apresentaram anticorpos com capacidade de neutralizar o vírus com 20 a 50 vezes mais potência contra o SARS-CoV-2 do que os plasmas de pessoas que tiveram Covid-19.


O trabalho foi coordenado pelo professor do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Jerson Lima Silva, e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Segundo ele, a primeira evidência apresentada pela pesquisa é a de que os animais com o vírus passaram a produzir uma quantidade muito alta de anticorpos e foi possível avaliar um aumento na dificuldade de transmissão.  

“É importante explicar o que faz com o plasma, que não sai direto do cavalo. Ele sai do animal, depois é processado, as imunoglobulinas são purificadas e tratadas para eliminar uma parte que possa causar qualquer reação adversa. E tudo isso já é um tratamento tradicional, feito desde os anos 80”, detalha o processo, o pesquisador.

Para além disso, o professor Jerson Lima Silva explica que o rápido desenvolvimento desse soro se dá por conta do momento de pandemia da Covid-19, que exige um esforço maior por uma rápida solução, mas também, por conta da equipe envolvida. Isso se deve pela rede montada anteriormente entre pesquisadores que desenvolvem projetos para controlar arboviroses e outras doenças – As doenças causadas pelos chamados arbovírus, incluem o vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.

O estudo recebeu financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes). Desta forma, o desenvolvimento da pesquisa brasileira incentivado por programas de pós-graduação é uma conquista do investimento continuo na área, como explica o presidente da Capes, Benedito Aguiar.

“No nosso país, 95% da pesquisa científica relevante é desenvolvida no âmbito da pós-graduação. Então a Capes tem um papel fundamental em apoio aos projetos de pesquisa científica atrelados à essa formação. A ciência tem um papel fundamental na solução dos problemas da sociedade e eu creio que as agências de fomento, dentre elas a Capes mas não só ela, têm um papel fundamental para que possamos vencer todas essas dificuldades”, destacou Aguiar.

Além da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a pesquisa contou com apoio de aporte de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Via Brasil 61

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