Deputados e senadores fizeram duras críticas ao novo ministro da Defesa, Braga Netto, que em sua Ordem do Dia de 31 de março afirmou que, no golpe de 1964, as Forças Armadas assumiram a “responsabilidade” de “pacificar o país” para “garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”, no momento em que por quatro votos a um, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região aprovou um recurso da Advocacia-Geral da União que defendia o direito do governo de fazer atividades em alusão ao golpe militar de 1964.

O assunto chegou à Justiça depois que a deputada Natália Bonavides (PT-RN) pediu que fosse retirada do site do Ministério da Defesa a uma nota que reproduzia a Ordem do Dia de 31 de março de 2020, recomendação militar que celebrava o golpe.

A 5ª Vara Federal do Rio Grande do Norte determinou, ainda em 2020, a retirada da publicação do site do ministério argumentando que o texto exaltava o “Movimento de 1964”. Na decisão, a magistrada disse que o texto “é nitidamente incompatível com os valores democráticos insertos na Constituição de 1988”.

A União recorreu da decisão ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Além de argumentos técnicos – como dizer que a ação não causou lesão ao patrimônio nem seria a Ação Popular o instrumento jurídico adequado para a querela – a Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu o direito do governo de celebrar a data.

Parlamentares criticam Braga Netto por dizer que golpe de 64 pacificou Brasil – © Marcos Corrêa/PR

“Com efeito, o que a presente demanda procura fazer é negar a discussão sobre qualquer perspectiva da história do Brasil, o que seria um contrassenso em ambientes democráticos, visto que o Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput, Constituição da República) pressupõe o pluralismo de ideais e projetos. Querer que não haja a efeméride para o dia 31 de março de 1964, representa impor somente um tipo de projeto para a sociedade brasileira, sem possibilitar a discussão das visões dos fatos do passado – ainda que para a sua refutação”, diz trecho do recurso.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que a Ordem do Dia narra o período “como se os excessos como a tortura e os assassinatos não tivessem ocorrido”. Acrescentou, porém, que preferia “olhar pra frente e ler o compromisso com a missão de respeito aos poderes constitucionais”.

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