Novas pegadas de dinossauros acabam de ser descobertas por cientistas na região de Cajazeiras
📸 © Material da Pesquisa/UFRN

Um dinossauro saurópode, encontrado em São João do Rio do Peixe-PB, na região da grande Cajazeiras, foi identificado através de suas pegadas, o que contribuiu para compreensão da diversidade e evolução do Neosauropoda do período Cretáceo. A pesquisa de mestrado de Zarah Trindade Gomes, orientada pela professora Aline Ghilardi, do Programa de Pós Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN), se dedicou a identificar o criador desses rastros e o conhecimento atual sobre uma nova nomenclatura associada a este grupo encontrado na Bacia do Rio do Peixe. 

Zarah Gomes estudou uma nova pista que inclui um conjunto de sete pegadas, incluindo impressões das mãos e pés de um dinossauro pescoçudo. A pista foi descrita e nomeada através de um novo icnogênero e icnoespécie, nomes que se referem a forma da pegada e não ao animal que produziu, batizado Sousatitanosauripus robsoni, em homenagem ao Sr. Robson Araújo Marques, falecido em 2021, que ajudou a proteger e divulgar o patrimônio paleontológico local, conhecido como Guardião do Vale dos Dinossauros.

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A descoberta foi feita em 2022 por discentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) durante um mapeamento geológico da Bacia, acompanhados por Michael Vandesteen, professor de Fotogeologia e Sensoriamento Remoto do departamento de Geologia. Na ocasião, foram encontradas marcas no afloramento rochoso no leito de uma estrada carroçável próximo ao município de Sousa, onde encontra-se o famoso Monumento Natural Vale dos Dinossauros, as fotos foram enviadas para Aline Ghilardi, que confirmou a descoberta.

Sousatitanosauripus robsoni apresenta um mosaico de características associadas tanto aos dinossauros saurópodes Diplodocoidea, quanto Titanosauriformes. Zarah descreve “a gente consegue observar que esses grupos apresentam características específicas nas pegadas e pistas, como a distância interna (entre os membros de lados opostos) e o formato do pé e da mão”. A pesquisa revela que as características impressas tratam-se de um saurópode com padrão de distância interna estreita, esperado em saurópodes Diplodocoidea, e a mão sem a impressão visível de garras, esperado em saurópodes Titanosauriformes mais derivados. 

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O estudo das pegadas demandou análises em campo e em laboratório para medidas e modelagem 3D, além do tratamento das imagens. Na localidade de Sousa, já foram descritas outros quarenta icnossítios com pegadas e pistas de animais pré-históricos, incluindo pegadas de dinossauros carnívoros, herbívoros e outros animais. Zarah afirma a importância da proteção ambiental para a paleontologia da região: “Sousa tem muitos sítios, mas a gente sempre tenta procurar que outros lugares da região também sejam preservados, hoje em dia é preocupante”.

A equipe sugere que o produtor de Sousatitanosauripus robsoni provavelmente foi um Titanosauriformes, esclarecendo algumas questões sobre a evolução da forma, postura e locomoção desses animais. A pesquisa amplia o número de sítios com pegadas de dinossauros conhecidos na Paraíba e traz mais relevância a esses registros, trazendo luz a questões evolutivas e comportamentais dos dinossauros, de forma a contribuir significativamente para a paleontologia. O trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi publicado no volume 36 da revista acadêmica Historical Biology.

O município de São João do Rio do Peixe fica localizado a 38 quilômetros de Sousa, onde está localizado o Monumento Natural Vale dos Dinossauros, que abriga um dos maiores conjuntos de pegadas de dinossauros da América do Sul.

|📸 © Aline Ghilardi/UFRN

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