? #OutubroRosa: pandemia exige atenção redobrada com o câncer de mama
Cerca de 66 mil mulheres serão atingidas pelo câncer de mama no Brasil apenas neste ano, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Este vilão aparece em todas as esferas socioeconômicas e é o segundo tipo de câncer mais comum em todas as regiões do país, perdendo apenas para o de pele.
O Inca aponta ainda que o problema atravessa continentes, sendo o mais frequente entre mulheres em todo o mundo. A campanha do Outubro Rosa, para conscientizar o público sobre o câncer de mama, ocorre todo ano. Em 2020, porém, ela ficou ainda mais impotante.
De acordo com a Fundação do Câncer, houve uma redução de 84% nas mamografias feitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro durante a pandemia, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O exame, junto ao autoexame e a conscientização da população, é a melhor forma de prevenir e diagnosticar a doença.
E sim, tem cura. Hoje, o câncer de mama dispõe de múltiplas formas de tratamento, mas tudo depende do diagnóstico. Vale a máxima: quanto mais cedo descobrir, mais fácil de tratar. Com a ajuda de especialistas, respondemos as dúvidas mais comuns sobre o câncer de mama para ajudar você a entender os riscos, questionar os mitos e adotar hábitos mais saudáveis.
VERDADE OU MITO?
Alguém está imune ao câncer de mama?
Não! Todos, incluindo pessoas jovens e saudáveis, possuem algum risco de desenvolver a doença, mas alguns perfis exigem atenção redobrada. Segundo o oncologista Raphael Brandão, da Clínica First, apenas cerca de 10% dos casos são “herdados” — o restante envolve outros fatores, como envelhecimento, alimentação e estilo de vida.
É impossível prevenir a doença?
Felizmente, não! Não existem dicas mágicas para se livrar do risco, mas é comprovado que algumas mudanças de hábito podem reduzi-lo. Brandão recomenda “exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis, evitando o excesso de açúcar e alimentos processados”. Para uma dieta segura, o oncologista sugere “frutas e vegetais coloridos, grãos integrais e fontes saudáveis de proteínas como o peixe e feijão”.
Câncer de mama é exclusivo ao sexo feminino?
Não. Cerca de 1% dos casos da doença acomete pessoas do sexo masculino, geralmente acima dos 60 anos. A forma de identificar o câncer é o autoexame: fique atento a sinais como caroços ou inchaços, secreções ou retração no mamilo, ou dores unilaterais nas mamas.
O autoexame é suficiente para identificar o câncer?
Não! O autoexame, conta a mastologista Solange Carvalho, do AC Camargo, é um “aliado para despertar a consciência corporal”, mas “não é capaz de flagrar o início de um tumor”, fase em que as irregularidades, como pequenos nódulos e microcalcificações, não podem ser identificadas manualmente. A mamografia, portanto, é fundamental para o diagnóstico precoce. “Quanto menor a lesão identificada, maior a chance de cura”, afirma a médica.
Desodorante ou silicone causam câncer de mama?
Não existem evidências médicas sobre nenhuma destas ligações. No entanto, no caso do desodorante, podem existir substâncias com potencial cancerígeno em alguns destes produtos — exemplos são alumínios e ftalatos. Em todo caso, vale ter um cuidado especial, sem alarme, com as fórmulas de todos os cosméticos e produtos de higiene. No caso das próteses de silicone, as evidências de alguma conexão com o câncer de mama também são escassas. Segundo Brandão, o implante de silicone pode ser feito “atrás da glândula mamária ou atrás do músculo peitoral maior”, para não interferir num possível diagnóstico.
E o anticoncepcional?
Sim, o risco aumenta com o uso do anticoncepcional, de acordo com o tempo de uso — isto vale tanto para quem o utiliza atualmente, ou já utilizou no passado. De acordo com o oncologista, o alerta vale para “todo método [contraceptivo] que contenha hormônio em sua formulação, independente da marca ou tipo.”
Traumas, batidas ou “apertões” provocam câncer de mama?
Não! Traumas externos não são capazes de iniciar um tumor, isso ocorre por conta de alterações dentro das células. Isto vale, também, para um sutiã apertado demais — apesar do mito, não há comprovações de que cor, material ou modo de uso destas peças causem câncer. O aperto pode causar, no entanto, problemas de postura e dores no corpo.
CONHEÇA OS FATORES DE RISCO
- ENVELHECIMENTO
Quanto mais ciclos de menstruação, maior a predisposição para o câncer de mama. O risco sobe após a menopausa, sendo ainda mais alto em casos de primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa tardia (depois dos 55). - HISTÓRICO FAMILIAR
Cerca de 10% dos pacientes de câncer de mama tiveram outros casos da família. O maior risco, segundo a mastologista Solange Carvalho, está em parentescos de primeiro grau. Nestas situações, o cuidado deve ser redobrado. - OBESIDADE
O oncologista Raphael Borges ressalta que a obesidade pode agir de várias formas: “além de aumentar o stress oxidativo e interferir no sistema imunológico, o excesso de gordura promove uma maior produção de estrogênio, que também pode aumentar o risco de câncer.” - ESTILO DE VIDA
Segundo o Inca, outros fatores de risco para o câncer de mama incluem a gravidez após os 30 anos, terapias de reposição hormonal (incluindo transição hormonal para mulheres transgênero e reposição de hormônios pós-menopausa), ingestão de bebida alcoólica, tabagismo e exposição à radiação iônica.
SINAIS DO CORPO
O autoexame, embora seja mais eficaz para identificar tumores já grandinhos, é uma das formas mais simples de conhecer seu corpo e ouvir os sinais que ele emite. É possível fazê-lo sozinha, com auxílio de cremes, óleos, ou utilizando somente as mãos. Confira algumas dicas para começar:
- Quando fazer? Sempre que lhe for confortável! Mantenha a frequência de, no mínimo, uma vez por mês.
- Como fazer? Mantenha um dos braços levantados e use os dedos da mão oposta para o exame. Faça movimentos alternados: de baixo para cima, de cima para baixo, para as extremidades, e em círculos. Utilize um espelho para melhor visualização.
- O que procurar? Nódulos, principalmente os mais duros, de posição fixa, ou que aumentam de tamanho; Diferenças grandes de tamanho entre os seios; Secreções que saem do mamilo; Lesões, manchas e crostas que não respondem a tratamentos dermatológicos; Pele retraída ou com aspecto de “casca de laranja”; Mudança no formato do mamilo; Linfonodos ou “caroços” na área da axila.
Via Metro Jornal