Porto Alegre (RS) – Cleci Terezinha Elesbao em sua casa alagada no bairro Humaitá após chuvas e novos alagamentos 📸 © ARQUIVO/Bruno Peres – 19/06/2024/Agência Brasil

É preciso mudar a forma como o Estado articula ciência, prevenção e resposta a desastres. Essa foi a tônica da sessão temática no Plenário do Senado nesta segunda-feira. Um ano após a tragédia que impactou centenas de milhares de gaúchos, os participantes do debate apontaram falhas estruturais e cobraram medidas concretas para evitar que o sofrimento se repita. A análise dos especialistas convergiu para a ideia de que não são os eventos naturais que causam os desastres, mas as vulnerabilidades frente a eles. Para o representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Oswaldo Moraes, é necessário reformular o atual modelo, tratando o conceito de risco como resultado tanto de ameaças naturais quanto de fatores humanos. 

(Oswaldo Moraes) “Então, fazer a gestão de risco, na verdade, é trabalhar para diminuir as probabilidades antrópicas. Eu tenho que ter sempre um trabalho de gestão de risco de diminuir vulnerabilidade, porque, se eu não diminuir vulnerabilidade, qualquer evento extremo acima de um determinado limiar vai levar ao desastre.”

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A reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul , Marcia Barbosa, criticou a cultura de só acionar a ciência em momentos de crise. Para ela, a universidade deve ter papel ativo e contínuo na formulação de políticas públicas e soluções locais. Ela propôs a criação de um centro de resiliência sustentável e pediu investimento de R$ 200 milhões ao longo de quatro anos para viabilizar o projeto. 

(Márcia Barbosa) “E aí é que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul sai para dizer: “Eu não quero mais ser só chamada quando ‘dá ruim’. Eu quero participar ativamente dessa reconstrução para esse novo futuro”. E aí é que a universidade se instrumentaliza com o que tem, que é aquele recurso desse tamanhinho, para conseguir fazer esse trabalho.”

As enchentes de 2024 atingiram diretamente 2,4 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul, obrigando mais de 600 mil a abandonarem suas casas. Também danificaram severamente a infraestrutura do estado, com perda de estradas e pontes e até alagamento do aeroporto internacional de Porto Alegre. O senador Astronauta Marcos Pontes, do PL de São Paulo, se solidarizou com as vítimas  e disse que a ação do Estado para minimizar os danos é fundamental.

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(senador Marcos Pontes) “A dor de quem perdeu entes queridos, de quem viu sua casa, seu bairro, sua lavoura serem varridos pelas águas não desaparece em semanas ou meses. Ela se prolonga silenciosa, exigindo do estado não apenas solidariedade simbólica, mas também respostas estruturais e consistentes.”

Dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul apontaram 478 municípios afetados, 183 óbitos confirmados, 27 pessoas desaparecidas e 806 pessoas feridas. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.

|📸 © Marcos Santos/USP Imagens/Jornal da USP

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