? Foto: Jefferson Peixoto/ Secom

Estima-se que, no mundo, 3,2 milhões de pessoas morram anualmente de doenças relacionadas ao sedentarismo, como diabetes, infarto, AVC (acidente vascular cerebral) e obesidade.

No Brasil, pelos dados do Ministério da Saúde, três em cada 100 mortes registradas em 2017 podem ter sido influenciadas pelo problema, que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é o quarto maior fator de risco de mortalidade global por enfermidades não transmissíveis.

Diante desse cenário, fica ainda mais evidente a importância da atividade física. Quando praticada de forma contínua, com controle e monitoramento, e em intensidade de leve a moderada por, pelo menos, 150 minutos por semana, ela proporciona uma série de benefícios tanto para o corpo quanto para a mente. E a lista é extensa:

Melhora da aptidão cardiorrespiratória (condicionamento aeróbico) e aumento da longevidade e da qualidade de vida

Redução do risco e auxílio no tratamento de câncer (mama, cólon e intestino) e doenças cardiovasculares (infarto, hipertensão arterial e AVC), pulmonares (enfisema, asma e fibrose), musculoesqueléticas (osteoporose), reumatológicas (artrite) e metabólicas (obesidade, colesterol alto e diabetes)

Diminuição de comorbidades, ou seja, da ocorrência de duas ou mais doenças simultaneamente

Menor chance de desenvolver demências e transtornos neurodegenerativos, como Alzheimer

Liberação de hormônios que proporcionam sensação de bem-estar, o que contribui para o combate ao estresse, depressão e ansiedade

Melhora da resposta do sistema imunológico, padrão de sono, humor, postura, dores, disposição, raciocínio e desempenhos intelectual e escolar

Fortalecimento de ossos e músculos e maior amplitude dos movimentos

Controle da pressão arterial e dos níveis de açúcar no sangue

Aceleração do metabolismo, favorecendo a perda ou a manutenção de peso

Autonomia nas atividades diárias e prevenção do risco de quedas para pessoas idosas

Recuperação mais rápida de lesões e cirurgias

Mas você sabe exatamente o que acontece no seu organismo durante a execução do exercício?

Na verdade, tudo começa momentos antes do início, com a ativação do córtex cerebral para preparar todos os sistemas do organismo. Assim que é “dada a largada”, quem primeiro começa a trabalhar é o músculo e, nesse processo, demanda mais oxigênio —e nutrientes— para ter energia. Como resultado, a atividade respiratória é acelerada, aumentando o fluxo de entrada e saída de ar dos pulmões.

Essa ação também eleva a contração do coração e a frequência cardíaca, já que o sangue precisa ser bombardeado com mais vigor para levar o O2 até a musculatura e eliminar o CO2. Vale salientar que tudo isso varia de intensidade de acordo com o tipo e a modalidade praticada.

Ao mesmo tempo, para permitir o aumento do fluxo sanguíneo para a rede vascular e facilitar a liberação de substratos para os músculos, a pressão arterial sistólica ou máxima (fase de contração do músculo cardíaco, quando ele bombeia sangue para o corpo) sobe, enquanto a diastólica ou mínima (fase de relaxamento, quando o sangue entra no coração) permanece estável.

O passo seguinte é a elevação da temperatura. No processo de contração muscular para a realização do exercício, uma parte da energia produzida é transformada em energia mecânica e usada pelo músculo. O restante é dissipado como calor, o que esquenta o corpo.

Ao perceber essa alteração, o sistema de regulação térmica do organismo, controlado pela área cerebral chamada hipotálamo, é ativado e lança mão de recursos para baixá-la.

A transpiração é o mais eficiente deles —o suor, neste caso, ao recobrir a pele e evaporar, ajuda no resfriamento ou, pelo menos, a não esquentar de forma exagerada. É importante ressaltar que a sudorese também está relacionada a outros fatores, como a umidade do ar, a temperatura externa, a intensidade dos exercícios e o tipo de roupa que está sendo usada.

Além disso, durante a prática aguda de atividade física há uma modificação da secreção hormonal liberada pelas principais glândulas corporais (hipófise anterior, tireoide, suprarrenal e pâncreas). Alguns dos hormônios ativados são a adrenalina e a noradrenalina, que agem na dilatação dos vasos sanguíneos dos músculos trabalhados e são responsáveis pelo aumento da taxa metabólica, liberando glicose e ácidos graxos no sangue —fundamentais para que o corpo tenha energia para fazer os movimentos.

Outras substâncias secretadas com os exercícios são a insulina, que também favorece a disponibilidade de glicose no sangue, para que seja usada pelas células dos músculos; o GH (hormônio do co crescimento), responsável pela queima de gordura e importante agente anabólico; a endorfina e a serotonina, que promovem sensação de bem-estar, prazer e relaxamento, e a testosterona, que estimula a reconstrução do tecido muscular trabalhado, favorecendo o aumento de força e a hipertrofia.

Com o fim da movimentação, todos esses processos são regularizados —as demandas musculares por energia diminuem e a ventilação pulmonar e a frequência cardíaca retornam gradativamente ao normal—, com exceção da pressão arterial, que cai temporariamente até abaixo dos níveis pré-exercício, em virtude da vasodilatação periférica decorrente da movimentação.

Aumento gradual e hábitos saudáveis

Para quem não pratica atividade física, a dica é escolher uma modalidade que goste, e são muitas as opções, como natação, corrida, caminhada, musculação, dança e futebol, começar devagar, aumentando gradativamente tanto a intensidade quanto o tempo e a frequência.

Segundo a OMS, para manter a qualidade de vida e garantir todos os benefícios, o ideal é fazer 150 minutos de exercícios de leve a moderado por semana ou 75 minutos de vigorosos.

Junto a isso, é imprescindível adotar uma dieta equilibrada, rica em legumes, verduras e frutas e pobre em alimentos industrializados, gordura e bebidas açucaradas, e ter boa hidratação e hábitos saudáveis, o que inclui não fumar, evitar o consumo de álcool e controlar o estresse e as doenças pré-existentes.

Exatas News via Uol

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