Por Carolina Bataier, do Brasil de Fato

Quando foi lançado, em 2004, o Bolsa Atleta contemplou 975 esportistas, que receberam o benefício no ano seguinte. Agora, 20 anos depois, o programa atende 9.075 bolsistas, com valores que variam de R$ 410 a R$ 16.629,99 mensais, com o reajuste de 10,8%, divulgado pelo governo federal no dia 11 de julho.

Sem metas definidas nos primeiros anos de vigência, o programa conta, atualmente, com uma categoria destinada aos competidores com potencial de alcançar bons resultados nos jogos olímpicos, a Bolsa Atleta Pódio.

“Começa lá atrás, como uma política mais assistencialista, um programa de bolsa sem um objetivo muito específico”, explica João Victor Moretti, coordenador técnico do Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Com a criação da categoria pódio, criada em 2011 e começando a funcionar em 2013, aí sim é para conquistar medalhas”, avalia.

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A judoca Alana Maldonado é uma dessas apostas. Desde 2015, ela recebe a Bolsa Atleta Pódio e, graças ao benefício, consegue se dedicar integralmente à preparação para a disputa dos Jogos Paralímpicos. “Foi surreal a sensação e a tranquilidade de saber que eu poderia viver do esporte”, comemora.

Os treinos dela são diários, nos períodos da tarde e noite. As manhãs ficam reservadas para fisioterapia, atendimento psicológico e outras atividades complementares. “Se tivesse que conciliar uma rotina com outro tipo de trabalho, não seria possível”, diz.

De atletas de base a promessas de medalha

Assim como Alana, outros 358 competidores brasileiros são beneficiários da Bolsa Atleta Pódio, que oferece os valores mais altos, variando de R$ 5.543 a R$ 16.629, a depender do desempenho do atleta em Olimpíadas, Paraolimpíadas ou Surdolimpíadas. Podem pleitear o benefício os competidores posicionados entre os 20 primeiros no ranking mundial das suas categorias. A bolsa tem duração de quatro anos e os valores mais altos ficam com aqueles que conquistaram as primeiras posições nos jogos mundiais.

Quem participou de Olimpíadas, Paraolimpíadas ou Surdolimpíadas, mas não foi classificado entre os melhores da disputa, pode solicitar a Bolsa Atleta Olímpico/Paralímpico/Surdolímpico, que tem valor de R$ 3.437. Como condição para ter acesso ao benefício, o esportista deverá se manter em atividade em competições internacionais.

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Atletas em início de carreira podem solicitar as bolsas nas categorias base e estudantis. A Bolsa Atleta Base é aberta para esportistas que conquistaram 1º, 2º ou 3º lugar em competições de iniciação indicadas pelas Confederações Esportivas. “Então, por exemplo, pode ser um sub-15, pode ser um sub-16, um sub-17, depende da modalidade, depende da Confederação”, explica Moretti. O valor da bolsa é de R$ 410.

Com o mesmo valor, a Bolsa Atleta Estudantil contempla os esportistas que conquistaram medalha nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBS) e nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBS). Nas modalidades coletivas, os dez melhores atletas eleitos em votação feita pelos técnicos e pelos árbitros da competição recebem o direito de concorrer às bolsas.

A Bolsa Atleta Nacional tem valor de R$ 1.025 e é destinada aos esportistas que conquistaram medalha em competições nacionais indicadas pela respectiva Confederação. Concorrem à Bolsa Atleta Internacional aqueles que disputaram competições internacionais, como campeonatos sul e pan-americanos, sempre indicados pela Confederação. O valor é R$ 2.051.

Nos Jogos Olímpicos deste ano, em Paris, dos 277 atletas que representação o Brasil, 247 são bolsistas. “Se não fosse o Bolsa Atleta, muitos já teriam parado ou não teriam nem feito grandes resultados, não teriam ido para Jogos Olímpicos”, avalia Moretti.

|📸 © Tomaz Silva/Agência Brasil

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