Cientistas brasileiros estimam que a imunidade de rebanho contra a Covid-19 foi alcançada em Manaus, que pode ter até 66% da sua população infectada pelo Sars-Cov-2. A pesquisa avaliou a presença de anticorpos em mais de 6,3 mil amostras retiradas de bancos de sangue.

O artigo foi publicado como prévia (pré-print) em uma plataforma que reúne pesquisas ainda não divulgadas em revistas científicas, ou seja, que ainda não foram revisadas por outros cientistas que fazem parte dos comitês das publicações.

Segundo os pesquisadores, a elevada taxa de mortalidade na região e a rápida queda no número de novos casos sugere que a população da capital do Amazonas pode sim ter alcançado a chamada imunidade coletiva – também conhecida como “de rebanho”.

A imunidade de rebanho é um termo utilizado para descrever a situação na qual uma população atinge um número alto de pessoas resistentes a um vírus (por já terem sido infectadas ou vacinadas), e cria um ambiente onde o vírus não consegue encontrar pessoas suscetíveis a serem infectadas.

Teste sorológico

A pesquisa avaliou um total de 6.316 amostras de sangue colhidas pela Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas, em Manaus, entre os dias 7 de fevereiro e 19 de agosto. O diagnóstico da infecção buscou a presença de anticorpos do tipo IgG para o coronavírus.

Ig é a sigla para imunoglobulina. A imunoglobulina é um tipo de anticorpo produzido pelo sistema imunológico contra um agente invasor. Nesse caso, de classe G – que identifica se um paciente teve infecção anterior, com pelo menos 3 semanas, e está possivelmente imunizado.

A prevalência de anticorpos para o Sars-Cov-2 nas amostras dos doadores de Manaus esteve abaixo de 1% entre os meses de fevereiro e março. A primeira infecção na capital do Amazonas foi registrada apenas no dia 13 de março.

Já em agosto, último mês avaliado pelo estudo, a estimativa da população que produziu anticorpos para o coronavírus está entre 44% e 66%, este último número sugerindo a imunidade coletiva.

Limitações do estudo

Os pesquisadores reconhecem uma limitação no perfil da amostra, afinal, doadores de sangue não conseguem representar toda a população. O estudo explica que há restrições de idade entre os pesquisados e que pessoas infectadas recentemente com a Covid-19 não puderam doar.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Para corrigir quaisquer diferenças, o artigo cita a comparação da incidência do vírus nas doações de sangue em São Paulo. Com isso, os pesquisadores puderam afinar as estimativas de seu modelo epidemiológico e sugerir que dois terços da população manauara já entrou em contato com o vírus.

A queda dos novos casos, no entanto, não está relacionada apenas a esta possível imunidade coletiva. Os pesquisadores reforçam que “medidas não farmacológicas”, como o distanciamento social e o uso de máscaras, podem também ter contribuído com o controle da epidemia no Amazonas.

Via G1

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