A pandemia da Covid-19 atinge de forma mais dura as famílias brasileiras com crianças e adolescentes menores de 18 anos. Essas pessoas tiveram a maior redução na renda, começaram a se alimentar com mais alimentos industrializados e fast food.

Nove milhões de pessoas desses grupos familiares chegaram a passar fome em algum momento, por falta de dinheiro para comprar comida. Essas são as principais constatações da pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, lançada nesta terça-feira (25) pelo Unicef- Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Durante a pandemia do novo coronavírus, 55% dos brasileiros viram o rendimento de seus domicílios diminuir, o que corresponde a 86 milhões de pessoas. Esse índice foi maior nas famílias com menores até 17 anos. Dessas, 63% tiveram queda na renda. Os principais motivos foram a diminuição das horas de trabalho, de clientes e de vendas.

Para melhorar o orçamento durante a pandemia, 46% dos brasileiros pediram o auxílio emergencial. Nos grupos familiares com crianças e adolescentes, o índice foi de 52%, ou seja 72 milhões de pessoas. Porém, apenas 54 milhões tinham recebido.

A chefe da área de políticas sociais do Unicef, Liliane Chopitea, acredita que políticas como o Bolsa Família e o Auxílio emergencial são fundamentais, mas que precisam ser ajustadas para atender mais famílias com menores de idade.

Não foi só a renda das famílias com menores de idade que mudou, os hábitos alimentares também. Isso porque 58% admitiram ter modificado a alimentação. Outros 31% passaram a comer mais macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados e outros alimentos industrializados.

Por outro lado, 27% dos entrevistados que são integrantes de grupos familiares com crianças e adolescentes passaram por algum momento em que os alimentos acabaram e não tinham dinheiro para comprar mais. Já 6% disseram que tiveram fome e deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar comida.

A chefe de saúde do Unicef, Cristiana Albuquerque, mostrou-se preocupada com a piora da alimentação durante a pandemia. 

As famílias das regiões Norte e Nordeste que possuem crianças e adolescentes de zero a dezessete anos e aquelas que ganham entre um e dois salários mínimos foram as que mais tiveram dificuldades em manter uma alimentação adequada na pandemia.

Via EBC

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