? Imprensa internacional destaca incapacidade do governo brasileiro em barrar o desmatamento
O jornal francês La Croix desta quinta-feira (05) volta a denunciar o aumento do desmatamento da Floresta Amazônica no Brasil. O diário destaca que, desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder, em janeiro de 2019, 10.851 km² de mata foram destruídos.
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O artigo relata que o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, que vinha se engajando para deter o desmatamento, parece ter jogado a toalha nesta segunda-feira (2). “É improvável que cumpramos nossa meta de redução de 10% [do desmatamento, entre agosto de 2020 e julho de 2021]”, declarou Mourão. “Uma redução pequena, desprezível, mas melhor que nada”, acrescentou ele.
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Como já prometia desde sua campanha eleitoral, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, incentiva o desenvolvimento da indústria agroalimentar no país, o que amplia áreas destinadas à produção de soja e à criação de gado. Desde que ele assumiu o poder, em 2019, o desmatamento na Amazônia continuou a aumentar, apesar dos compromissos assumidos pelo governo.
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La Croix destaca que o desmatamento no Brasil em 2021 deve seguir a mesma cadência de períodos precedentes, ou até mais acelerada. O jornal cita o Deter, sistema de cálculo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que revelou que o desmatamento aumentou em 17% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período em 2020.
Floresta pode ter papeis invertidos
O jornal francês cita ainda uma reportagem do site Nature Climate Change, publicada em 6 de maio, que afirma que, nos últimos dez anos, a Amazônia emitiu mais carbono do que absorveu, um dado chocante, uma vez que a floresta é um poço de sequestro de carbono. Ainda mais grave, o documento alerta que a mata pode se transformar em emissora de CO2.
A ameaça ao pulmão do planeta não parece incomodar o governo brasileiro, critica La Croix, mesmo que Bolsonaro tenha se comprometido, em abril de 2021, durante a cúpula do clima organizada pelo presidente amricano, Joe Biden, a “acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”.
Na contramão desta promessa, o desmatamento ilegal continua sendo uma prática amplamente adotada na Amazônia, apesar da legislação rígida a respeito. Agricultores praticam a destruição da floresta, “encorajados pelo discurso presidencial”, declara Cécile Leuba, da Greenpeace França, especialista em Amazônia e desmatamento.
Se o Código Florestal não é respeitado, isso também se explica pela dificuldade de sua aplicação. O tamanho da superfície a ser controlada requer, de fato, muitos recursos, que o atual governo parece não fornecer. “O que pesa no Brasil não é a lei, mas a aplicação da lei”, resume o diretor do pólo de biodiversidade terrestre do Desenvolvimento Durável e Relações Internacionais da Sciences Po (IDDRI), de Paris, Yann Laurans, em entrevista ao La Croix.
Para o especialista, o contra-exemplo de Lula ilustra bem o fenômeno. Com o mesmo Código Florestal, o ex-presidente de esquerda registrou em 2012 uma área de desmatamento de 4,5 mil km² por ano: cerca de duas vezes menos que em 2020. “Lula não precisou mexer na lei, ele só a fez ser respeitada, explica Laurans. Ele “aumentou os recursos de controle, mandou pessoas para a prisão, equipou as forças armadas, etc.”, ele acrescenta.
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