? OMS: Com 90% da população sem anticorpo, imunidade de rebanho não é viável
A OMS (Organização Mundial da Saúde) informou hoje que descarta a imunidade de rebanho como forma de superar a pandemia do novo coronavírus e aponta que, com mais de 720 mil mortos pelo mundo e oito meses depois da eclosão da crise, estudos revelam que, em média, 90% da população do planeta continua suscetível ao vírus.
Para Mike Ryan, diretor de operações da OMS, o mundo não pode apostar numa estratégia de criar uma imunidade de rebanho como forma de barrar a proliferação da covid-19, que já atinge quase 22 milhões de casos. Tal proposta chegou a ser considerada por governos, como forma de manter as economias abertas e, ao mesmo tempo, acelerar a proteção de suas populações.
De acordo com a agência, estudos em mais de 50 países indicaram que menos 10% da população apresenta algum tipo de evidência da presença de anticorpos e, mesmo entre os profissionais de saúde e pessoas mais exposta ao vírus, a taxa não passa de 20% ou 25%.
“Isso significa que a maioria da população mundial continua suscetível à infecção e que o vírus tem a oportunidade de circular”, declarou Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS. Mais de cem estudos estudos estão sendo realizados para avaliar tal situação.
A especialista ainda lançou um apelo para que cada indivíduo entenda os riscos que atravessa. “As pessoas precisam tomar decisões. Suas vidas dependem disso”, afirmou, ao ser questionada sobre fotos de aglomerações em Wuhan, capital da província chinesa de Hubei, apontada como a origem no vírus.
“As pessoas precisam entender que as pessoas estão morrendo”, insistiu. “Todos precisam entender quais são os riscos e se é possível evitar aglomerações”, insistiu.
Ryan também criticou governos que busquem esse caminho. “Não sabemos qual o nível de imunidade de rebanho”, disse. “Não há, para mim, uma questão. Há um longo caminho para isso e vamos continuar longe disso sem uma vacina”, afirmou.
“Como planeta, como uma população global, não estamos nem perto dos níveis de imunidade capaz de parar essa doença”, insistiu. Para a agência, falar em circular o vírus como forma de criar uma proteção envolveria um número elevado de mortes, algo inaceitável para a entidade.
“Precisamos nos focar em suprimir a transmissão e não esperar que a imunidade de rebanho seja nossa salvação”, declarou.
De acordo com Ryan, existe a possibilidade de que a imunidade de rebanho ocorra a taxas inferiores a 80%, 70% ou 60% da população. Mas, ainda assim, a agência descarta a estratégia como uma via possível. “Isso não é a salvação e nem deve ser a solução”, insistiu.
Via Uol