A depressão pós-parto afeta a vida de uma em cada quatro mães brasileiras, que vivem na pobreza, ou extrema pobreza. E essa situação afeta no desenvolvimento e na saúde mental dos filhos. É o que aponta o estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas, encomendado pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

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Segundo o levantamento, as mulheres que enfrentam depressão pós-parto, nessas condições, não tiveram apoio de familiares ou companheiros durante a gravidez ou após o nascimento do bebê. Os sintomas depressivos apareceram em mais de 26% das entrevistadas, no primeiro ano após o parto. No segundo ano, a taxa caiu para 15%.

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A falta de condições para arcar com a depressão só agravou a situação da estudante de psocologia, Shirley Faria, de 22 anos. Grávida aos 17, no início da graduação e desempregada, teve que lidar com a falta de apoio da família e o abandono do pai da criança. A depressão pós-parto tirava dela as esperanças e a vontade e a condição de cuidar da filha.

O médico psiquiatra, Joel Renó Júnior, é diretor do programa Saúde Mental da Mulher, do hospital das clínicas, da Universidade de São Paulo. Segundo ele, a depressão pré-natal, é o principal fator de risco para a depressão pós-parto. No entanto, entre as mulheres que vivem na pobreza, falta melhor suporte médico, para o diagnóstico precoce, além da ausência de apoio no círculo social.

O estudo da Universidade Federal de Pelotas também cita como fatores que podem desencadear na depressão pós-parto das mulheres em pobreza ou extrema pobreza: a ausência do companheiro ou pai das crianças, a falta de apoio na gestação, baixa escolaridade e a presença de outros filhos.

O estudo levou em conta a situação psicológica de 3.200 mulheres, entre 2018 e 2021, em 30 cidades dos estados da Bahia, Pará, Ceará, Pernambuco, Goiás e São Paulo.

O impacto na saúde dos filhos também foi notado: 3 mil crianças, no primeiro ano de vida, foram analisadas, por meio de testes de desenvolvimento. Os bebês de mães com sintomas depressivos tiveram desempenhos ruins, em habilidades de comunicação, coordenação motora, resolução de problemas, domínio pessoal e social. O estudo atribui esse baixo desempenho à redução de estímulos sensoriais, cognitivos, afetivos e de emoções positivas, por parte da mãe que vive com depressão.

A partir do estudo, os pesquisadores defendem o fortalecimento da rede básica de saúde, com aconselhamento para planejamento familiar e oferta de métodos anticoncepcionais modernos. Além disso, afirmam que os profissionais de saúde devem fazer a sondagem e o manejo de sintomas depressivos nas mulheres, em todos os atendimentos de pré-natal, e nas consultas após o nascimento.

? © Wevilly Monteiro

Rádio Centro Cajazeiras via Agência Brasil

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