Trabalho integrado repatria animais da fauna silvestre brasileira encontrados na África
📸 © Rutpratheep Nilpechr/Pixabay

Um trabalho integrado para a repatriação de 12 araras-azuis-de-lear e 17 micos-leões-dourados, apreendidos em Togo, foi realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Polícia Federal, com apoio do Ministério das Relações Exteriores. O tráfico dos animais está sob investigação, a fim de identificar todos os responsáveis envolvidos nessa prática criminosa.

Os animais já desembarcaram no Brasil, realizando sua primeira parada em Recife, para repatriação. Nesta segunda-feira (26/02), o avião prosseguiu para o Rio de Janeiro (RJ), onde os micos-leões-dourados foram desembarcados, e em seguida para São Paulo (SP), com as araras-zuis-de-lear. As superintendências do Ibama nos estados de Pernambuco, de São Paulo e do Rio de Janeiro atuaram ativamente durante todo o processo, garantindo a segurança e o bem-estar dos animais silvestres.

Os animais foram localizados no dia 13 de fevereiro, em Lomé, capital do país africano, em um veleiro de bandeira brasileira. Na ocasião, quatro homens foram presos pelas autoridades locais: um uruguaio, um surinamês, um brasileiro e um togolês, logo após a embarcação apresentar problemas na costa africana e ser abordada por policiais locais. A prisão em flagrante dos criminosos ocorreu por estarem na posse de animais protegidos pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), da qual o Togo é signatário.

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O Ibama, logo após receber comunicação oficial do caso, encaminhou dois servidores, sendo a veterinária Juliana Junqueira e o analista ambiental João Pedro Guerra, no dia 18 de fevereiro, a fim de assegurar a sobrevivência dos animais. Os dois viajaram em voo comercial e levaram na bagagem 30 kg de mantimentos (ração e sementes) e medicamentos.

Ao chegarem ao país, os servidores do Ibama encontraram as araras estressadas e assustadas, mas com saúde bem diante da situação. Os primatas estavam com a saúde mais afetada, sendo que seis deles apresentavam quadro muito debilitado. Os micos foram encontrados cobertos de óleo de motor (há a suspeita de que as gaiolas tenham ficado perto do motor do barco), desnutridos, com sarna e outras doenças de pele e gripados.

Todos os animais foram levados para a casa do Embaixador do Brasil no Togo, Nei Futuro Bitencourt. Na residência, os servidores do Ibama improvisaram uma UTI veterinária para salvar os micos-leões-dourados. A cada duas horas era preciso alimentá-los para não morrerem devido ao quadro grave de desnutrição e saúde.

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“A nossa maior preocupação era correr contra o tempo para salvar as aves e os micos brasileiros. Já havíamos recebido a informação de que três micos-leões-dourados já estavam mortos, encontrados ainda na embarcação dos criminosos pela polícia marítima do Togo. Então, resolvemos enviar veterinários do Ibama antes mesmo de fechar a parceria com a Polícia Federal para trazer os animais. A nossa equipe de profissionais, que tem experiência no manejo de animais silvestres nos Cetas (Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres), tem conhecimento para atender os animais em qualquer situação de saúde ou emergência. O manejo e o cuidado veterinário que chegaram a tempo salvou a todos. Os micos estavam muito doentes, e todos voltaram para o Brasil”, afirma Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.

No dia 22 de fevereiro, uma aeronave da Polícia Federal partiu do Brasil levando dois servidores do Ibama, a veterinária Marília Nogueira da Gama e o analista ambiental Jailton Dias, e equipe da PF para auxiliar nos trabalhos de recuperação e de repatriação das espécies (a repatriação é de competência do Ibama).

Além disso, foram realizadas ações de polícia judiciária para auxiliar as investigações que já estavam em curso. O Ministério das Relações Exteriores contribuiu para a repatriação, inclusive albergando os animais na Embaixada do Brasil em Lomé até a sua retirada do território togolês.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) foram outros dois órgãos que colaboraram com os trabalhos.

Repatriação

A repatriação é um processo de devolução dos animais ao país onde são nativos. Após esse processo, os animais passarão por cuidados veterinários e reabilitação. Só após esse último, é que equipe veterinária e outros profissionais responsáveis pela reabilitação poderão afirmar se as araras e os micos têm condições de voltarem a viver livres na natureza, lugar de onde nunca deveriam ter saído.

|📸 © Nadine Doerlé/Pixabay

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