Longe de acabar, a pandemia de coronavírus no Brasil segue com índices preocupantes. Os novos casos de Covid-19 no país nunca foram tantos. Nos últimos sete dias, por exemplo, a média chegou a mais de 45 mil contaminados a cada 24 horas, quantidade maior do que os números de maio, quando alguns estados brasileiros decretaram lockdown. Na época, a taxa não ultrapassou 21 mil.

Diante do relaxamento e da volta à “normalidade”, o vírus continua sendo brutal com o Brasil. Dos 9.978.747 milhões de infectados, quase metade (4.443.142) teve contato com o Sars-CoV-2 nas últimas 15 semanas, de 1º de novembro a 17 de fevereiro. O levantamento foi feito pelo Metrópoles, com base em balanço divulgado pelo Ministério da Saúde.

Só nos primeiros 30 dias deste ano, o país acumulou 1.528.758 novas infecções pela doença, média de 49.314 ocorrências por dia, fazendo de janeiro o mês com mais casos desde o início da pandemia. Fevereiro também começou com números nas alturas: em 16 dias, já são 774.016 contaminados, média de 45.530 a cada 24 horas. Para efeito de comparação, durante o primeiro pico, registrado no meio de 2020, julho havia alcançado o topo, com 1.260.444.

“Há uma combinação de fatores que explica o aumento do número de casos e óbitos a partir de novembro do ano passado. O relaxamento no uso de proteção individual e a diminuição da adesão às medidas de distanciamento social foram fatores importantes”, explicou Mauro Sanchez, epidemiologista e vice-coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB). “A pandemia já dura 10 meses e, naturalmente, esse longo tempo causa um cansaço na população. As aglomerações das festas de fim de ano também contribuíram em parte para a manutenção de níveis mais elevados de transmissão que ainda se sustentam neste início de 2021”, assinalou.

Tarcísio Marciano da Rocha Filho, professor do Instituto de Física e um dos membros de um grupo de pesquisa interdisciplinar que abarca várias universidades brasileiras para estudar o avanço da Covid-19 no país, já havia alertado, em entrevista ao Metrópoles, para o aumento de óbitos e casos no primeiro semestre de 2021. “Vamos começar este ano com números preocupantes, e a tendência é crescer ainda mais. A previsão é um novo pico para março e abril, que vai ser ainda mais complicado do que já vivemos.”

Pelo Twitter, o doutor em virologia Atila Iamarino, que virou referência no assunto, também ressalta a preocupação com o atual cenário. “Combate à pandemia é sempre um recorte presente. Santa Catarina e Minas Gerias já foram alguns dos estados menos atingidos, agora estão no drama de transportar pacientes em situação de saúde extremamente frágil por colapso de leitos de UTI em algumas regiões. E estamos fora de temporada”, disse, referindo-se à época de alta circulação de vírus respiratórios pelo Brasil.

Casos e mortes no mundo

O mundo ultrapassou 109 milhões de casos de Covid-19, segundo o site da Universidade de Hopkins. Os dados usados são verificados com as autoridades de saúde de cada país. Em relação à quantidade de óbitos, foram computados 2.425.970.

De acordo com o Worldometer, plataforma que reúne as estatísticas oficiais da doença divulgadas pelo mundo, há, no momento, mais de 22,6 milhões de casos ativos e, entre eles, 0,4% é de pessoas internadas em estado grave devido à Covid-19.

Impacto das vacinas

O diretor assistente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, afirmou na quarta-feira (17/2) que a vacinação contra a Covid-19 no momento é “para salvar vidas, não para conter a transmissão“. Diante de um quadro ainda de limitações na disponibilidade dos imunizantes, Barbosa advertiu, durante entrevista coletiva virtual, que o impacto da vacina para impedir a transmissão do vírus ainda “vai tardar”, sem estimar datas.

O comando da entidade, braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente americano, também foi questionado sobre os riscos em relação às variantes da Covid-19. Gerente de Incidentes da Opas, Sylvain Aldighieri informou que três cepas do vírus que são alvo de preocupação já foram encontradas em países das Américas.

Aldighieri reforçou o fato de que quanto mais o vírus circula maior o risco de surgirem novas variantes. Sobre os números da pandemia, ele disse que há queda na quantidade de mortes pela doença, fruto, sobretudo, do cenário dos Estados Unidos.

? © Danilo Rangel/Ebserh

Exatas News via Metrópoles

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