Brasil usa substâncias banidas ou de uso reduzido na Europa, afirmam especialistas 📸 © Divulgação

A Comissão de Direitos Humanos debateu a pulverização aérea por agrotóxicos e as violações de direitos humanos à saúde, alimentação e meio ambiente. Na audiência pública solicitada pelo presidente do colegiado, senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, foi ouvido o subprocurador-geral do Trabalho, Pedro Luiz Serafim, que coordena o Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos do Ministério Público do Trabalho. Ele alertou para substâncias usadas no Brasil que já foram proibidas ou tiveram menor utilização no exterior.

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Aqui no Brasil se permite mais o glifosato na água 5x mais do que na União Europeia. O Brasil é um dos grandes produtores de grãos, de alimentos e nós queremos que continue sem ter mais adiante um embargo por força do mal uso do agrotóxico na agricultura. Nós estamos usando a estratégia de guerra em relação à utilização de agrotóxico e por avião: 24D, uma variação daquilo que foi usado no Vietnã,

declarou Pedro Luiz Serafim.

Professora e líder indígena em Mato Grosso do Sul de uma comunidade do povo Guarani Kaiowá, Erileide Domingues relatou consequências da pulverização de agrotóxicos na terra indígena.

Como indígena a gente sofre por conta de contaminação de água, contaminação de alimentação, o ar que a gente respira, por falta de produção na nossa roça. São vários tipos de produtos que jogaram. Tinha recém-nascido, que sofreram coceiras na pele. Desde 2019, tem fraqueza, a gente não consegue mais recuperar, disenteria, sequelas para nossa saúde. Nós temos que depender do governo hoje, a cesta básica, porque nós não conseguimos produzir no nosso território. A mandioca a gente não consegue, o arroz hoje não conseguimos mais,

destacou Erileide.

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Diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, Gabriel Colle apontou que o setor não é o responsável pelo uso indiscriminado dos agrotóxicos no país.

Nosso trabalho aqui é mostrar o uso da ferramenta, sabendo dos desafios que ela tem. Não defendemos agrotóxico, esse é o papel da indústria. De tudo que é aplicado nesse país, seja químico ou biológico, não chega a dez por cento o que é aplicado com avião. Tem mais pessoas que devem fazer parte desse debate aqui: fabricantes, indústrias. A aviação agrícola é um setor pequeno, sim, mas é um setor importante, é um setor sério, que paga imposto e é regulado. É o único setor que trabalha com aplicação de agrotóxico que tem regulamentação própria já há mais de 70 anos,

afirmou Gabriel.

A audiência pública contou ainda com representantes de entidades públicas e da sociedade civil, como Greenpeace e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que defenderam o fim da pulverização de agrotóxicos no Brasil. Eles apontaram a proibição da prática na Europa desde 2009.

📸 © Zeynel Cebeci via Wikipedia

Rádio Centro Cajazeiras

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