Estudo publicado por pesquisadores de universidades do Brasil, de Portugal e do Reino Unido sugere que imunidade de rebanho à Covid-19 pode ser alcançada em determinadas regiões caso a taxa de infecção da população atinja um patamar que varia entre 10% e 20%. A imunidade de rebanho, também conhecida como imunidade coletiva, é um conceito criado por imunologistas para mensurar quantas pessoas em determinada localidade precisam estar imunes a alguma doença para que a enfermidade em questão deixe de se alastrar.

No caso do novo coronavírus, como ainda não há vacina que combata o agente causador da doença, a imunidade é adquirida após o paciente se curar da enfermidade, o que faz com que ele adquira anticorpos. De modo geral, a comunidade científica tem afirmado que a imunidade de rebanho no caso da Covid-19 ocorre apenas quando o índice de imunização da doença alcança uma porcentagem que oscila entre 50% e 70% da população. 

A pesquisa que questiona esse entendimento foi feita com dados de incidência do novo coronavírus em países como Bélgica, Inglaterra, Portugal e Espanha. Segundo a coordenadora do estudo, a biomatemática portuguesa Gabriela Gomes, pesquisadora da Universidade de Strathclyde, na Escócia, as informações também podem servir de parâmetro para outras localidades. 

A especialista afirma que a constatação defendida pela maior parte da comunidade científica não leva em conta as diferentes características das pessoas de determinada região. Gabriela explica que nos locais investigados em sua pesquisa foram consideradas a diversidade do perfil da população, o que pode aumentar ou diminuir a chance de se contrair Covid-19. 

“Levando em conta à heterogeneidade nas populações, nós chegamos à conclusão de que a epidemia deve ser menor do que aquilo que se previa a partir dos modelos homogêneos e que o limiar da imunidade coletiva ocorrerá antes do que estudos indicam”, afirma.

Amazonas

No estado do Amazonas, segundo os dados oficiais divulgados pela Secretaria de Saúde na última quarta-feira (12), o total de infectados pelo novo coronavírus era de 108.920,  o que corresponde a 3% da população total. Entretanto, segundo Júlio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), o Amazonas já pode ter alcançado a imunidade coletiva devido ao grande número de óbitos de moradores de Manaus com problemas respiratórios.  

De acordo com o professor, neste ano, a capital amazonense chegou a ter cinco vezes mais óbitos por esse tipo de problema, em comparação a anos anteriores. “Manaus teve o maior excesso de óbitos entre todas as cidades do Brasil, chegando a 500%, cinco vezes maior do que nos anos anteriores. Entre 80% e 90% dessas mortes ocorreram por causas respiratórias”, explica.  

Croda afirma que o alto índice de mortalidade na capital amazonense se deu pelo baixo índice de isolamento social durante a pandemia. Ou seja, para se chegar a essa suposta imunidade coletiva, muitas vidas foram perdidas. O professor ressalta que os governantes devem seguir adotando medidas de contenção do novo coronavírus, mesmo porque o estado do Amazona soma 3.417 mortes em decorrência da Covid-19.

Daniel Barros, epidemiologista da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, afirma que o estado tem presenciado a redução nas mortes por conta da Covid-19, o que levou o governo local a permitir a reabertura gradual do comércio e de parte de instituições de ensino. “Essa decisão foi tomada principalmente em virtude da redução dos óbitos e das hospitalizações”, afirma o especialista. 

Via Brasil 61

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