Os povos indígenas têm conquistado importantes vitórias na Justiça e no Congresso obrigando o governo a adotar ações de emergência para protegê-los do avanço do coronavírus. Para as lideranças dos povos originários, porém, o poder público segue se omitindo e permitindo que o vírus se espalhe sem controle por cada vez mais territórios.

Os números confirmam as denúncias dos indígenas. Há duas semanas, o Metrópoles registrou uma disparada de 96% nos casos em relação ao mês anterior. Até então, eram 22.325 casos confirmados de Covid-19 em 148 povos, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e 633 mortos.

Desde então, foram registrados mais 4.118 casos e 57 mortes entre indígenas. O número de povos afetados chegou a 155, ainda de acordo com a Apib. É mais da metade das 305 etnias presentes no país e registradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Negando a ajuda de ONG

Há focos da doença em locais como a reserva do Terena, na região de Aquidauana e Anastácio, no Mato Grosso do Sul, onde 648 pessoas pegaram Covid-19 e 18 morreram. Ainda assim, o governo federal rejeitou nessa quinta-feira (20/8) uma proposta da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) para atuar em 11 comunidades indígenas locais, com uma população de 6 mil pessoas.

“Estou muito bravo com essa questão, porque é a minha terra e é o lugar onde mais está morrendo terena. Toda semana tem morte lá”, relata o advogado Luiz Henrique Eloy, membro da etnia. Ele, representante da Apib em vitoriosa ação no Supremo Tribunal Federal que obrigou o governo a tomar ações sanitárias emergenciais, afirma que o veto é ideológico, pela resistência do governo a ONGs.

“E é técnico também. Eles não resolvem nem aceitam ajuda porque são muito ruins. Apresentam planos horríveis nessa ação no STF, que precisamos ficar respondendo. Enquanto isso, as vitórias que tivemos não chegam nas bases”, lamenta ele, que pediu ajuda do Ministério Público Federal para liberar a atuação do MSF na reserva Terena.

“Os Médicos Sem Fronteiras não precisam da autorização do governo para fazer atendimento humanitário. O conselho do povo Terena pediu que eles fossem até lá porque o governo não estava dando conta. O que o Ministério da Saúde faz ao tentar barrar é negar o auxílio humanitário, além de se omitir”, conclui.

Via Metrópoles

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.

Participe de nossa Programação!